quarta-feira, maio 13, 2009
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J.S. Bach – Variações Goldberg, BWV 988 – Glenn Gould, piano.
Estávamos no ano de 1955. Um jovem pianista canadiano de 23 anos tem um acto de ousadia: gravar as Variações Goldberg, BWV988 de J.S. Bach em piano, coisa que ninguém tinha feito antes e ainda para mais no seu primeiro registo discográfico. A escolha da obra para ser gravada foi objecto de controvérsia e de dúvida, mas o sucesso alcançado pelo disco rapidamente tirou fundamento a todos os argumentos. Rapidamente a obra lhe ficou associada de uma forma profunda sendo interpretada por Gould na íntegra ou por partes em variadíssimos concertos.
Em 1964 deixaria de dar concertos públicos, dedicando-se apenas a gravações.
Ano de 1981. Gould com quase 50 anos de idade faz, o que viria a ser, a sua última gravação da obra. A escolha de tempos para a Ária, 30 variações e Ária da Capo é completamente diferente da de 1955. Na sua grande maioria as Variações são tocadas bastante mais lentas agora.
A obra estrutura-se, como disse, em: Ária – 30 Variações – Ária da Capo, um pouco como a vida de Gould no que diz respeito a esta peça: foi a que gravou em 1º lugar – continuou com gravações variadas (na sua maioria de obras de Bach) – foi a peça que gravou em último lugar.
Assim, esta Ária da Capo é como o seu canto do cisne. E a mim parece-me que ele o sabia. Aqui está toda a emoção e mestria de Glenn Gould. Ele morreria cerca de 1 ano depois da gravação, dois dias depois de completar 50 anos de idade.
Reparem no momento que começa cerca dos 2:40, e principalmente a maneira como esse momento é preparado. Tudo é perfeito. Tudo é emoção. Quase que podemos ver o peso do mundo inteiro nos seus ombros, inclinando-o sobre o teclado, mas, no entanto, ele encontra Paz e Liberdade na sua música. Neste breves minutos está presente a união entre Tristeza e Alegria. Entre Racionalidade e Insanidade. Vida e Morte. É música para se ouvir de joelhos…
Nuno Batoca
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4 comentários:
Como disse ao Nuno na altura em que me enviou esta sugestão, passei a minha gravidez a ouvir o Glenn Gould a tocar as Variações Goldberg. Acho que não preciso dizer mais nada.
A não ser que não fiz de joelhos, por razões óbvias. :)
sem querer "abandalhar" este post que para mim é bastante emotivo, mas...fazendo-o na mesma, gostaria de realçar um teu pequeno lapso (será?) que pode significar alguma coisa: faltou-te um "o"...o que pode dar um significado perverso à frase. Pelo menos para a minha mente exclusivamente perversa...
Começo a perceber a utilidade da moderação de comentários..
:)
e da leitura posterior à escrita do artigo...?
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