domingo, maio 10, 2009

Fã que é fã...







...aguarda pela vedeta durante duas horas, debaixo de chuva cerrada e sem qualquer protecção para a mesma, por um rabisco que se guarda com a vida.

Boa mi_!!!

5 comentários:

Miguel Ângelo disse...

É verdade.. Fan que é fan faz destas!

Entao em relaçao ao concerto gostei muito, e pouco tenho a acrescentar ao que já foi dito!

1- Gostei bastante da primeira parte, um repertorio em tudo adequado ao "swing" da Orquestra. Eles são muito bons naquele repertorio. Não fossem uma orquestra sul americana, cheia de balanço nas veias!

2- Uma boa sonoridade, uma disposição de oquestra que permitia um bom timbre geral.

3- Um agradavel intervalo, onde tocaram bastante melhor! ahahah To a brincar!!! :P Eu é que pronto.. por força das circunstancia tive que me deslocar à ponta oposta do colisue para acalmar os fans estéricos que nao paravam de me mandar mensagens e gritar por mim!! Ai ai estes senhores nao podem sair de casa! Para a proxima não levanto bilhetes para ninguem!

4- Segunda parte... Bem... Segunda parte... Nem sei por onde começar, mas talvez..pelo falhanço do fagotista... Parece bem?

5- Palheta fraca e agua no instrumento resultou numa enorme escorregadela. Dos mais dificeis solos do repertorio orquestral para fagote, saiu ao lado no dia 25 no coliseu! Começou bem.. mas a continuação não foi nada brilhante! Mas mesmo assim.. Seguiu em frente! É de louvar, perante um coliseu cheio!

6- Bons momentos durante a "Sagração" mas mesmo assim.. é uma peça demasiado exigente ainda para esta jovem orquestra, especialmente quando se tem por referencia interpretações como as de Lenny, tambem com uma orquestra de jovens! POrtanto.. Não é so da idade dos musicos!

7- Faltou ligação à terra, ao sacrifico, à dança das jovens que iam ser sacrificadas, faltou momentos grotescos!

8- Excelente maestro! Sem duvida! Apesar de o achar um grande maluco, mas já conquistou o seu espaço na cena internacional! É admirado por grandes professores e maestros com quem trabalho ou ja trabalhei! Invejo-o! Epah.. com isto tudo agora da nossa actualidade setubalense.. Quem sabe um dia... Se eu disser.. ah e tal venho da Bela vista!...

9- E Fan que é fan... fica à chuva à espera na porta dos artistas que o maestro saia! Pois é... E eu que tinha um avião para apanhar bem cedo no dia seguinte... Mesmo assim.. Fiquei de pedra e cal.. à espera de saber por onde o maestro saia, para ter um autografo do senhor! Muito simpático, é o que posso dizer, mas infelizmente não deu para conversar muito com ele. Os seguranças do staff do sistema já o puxavam pelo braço para irem jantar!!

Invejem-se: tenho uma foto com o DUDA! :P

Foi sem duvida uma noite inspiradora! Espero-mos que daqui a uns anos voltem a Lisboa, para outra noite de agradaveis momentos!

Ana Cláudia disse...

E que tal mandares a foto pra malta ver (que é verdade e que não foste tu que fizeste aquele rabisco)? :))

Miguel Ângelo disse...

Não podia deixar de partilhar:

(é grande mas vale a pena!)

O instinto electrizante de Dudamel
Orquestra Sinfónica Juvenil Simón Bolívar
Gustavo Dudamel

Ciclo Grandes Orquestras Mundiais. Obras de Stravinsky, Revueltas e Castellano.

O ciclo Grandes Orquestras Mundiais fecha com um dos mais importantes agrupamentos venezuelanos. Vem executar obras de Stravinsky, Revueltas e Castellano, sob a direcção do compatriota Gustavo Dudamel. O jovem maestro começou a dirigir orquestras aos 16 anos e foi apontado em todo o mundo como uma estrela em rápida ascensão, reputação que tem confirmado.
A orquestra vem executar obras de Stravinsky, Revueltas e Castellano, sob a batuta do jovem maestro que começou a dirigir orquestras aos 16 anos e foi apontado em todo o mundo como uma estrela em rápida ascensão. Essa reputação tem sido confirmada - superada até. Dudamel assume, na temporada 2009-2010, o cargo de director musical da Filarmónica de Los Angeles, depois de ter estado à frente da Sinfónica de Gotemburgo, sem esquecer os dez anos em funções na Simón Bolívar.


Crítica Ípsilon por:
Cristina Fernandes


Há muito que não se assistia a um tal delírio num concerto de música clássica. Ou talvez um tal grau de expansibilidade, comparável à atmosfera de um concerto rock, seja mesmo inédito na história recente do ciclo Grandes Orquestras Mundiais.
Gustavo Dudamel ainda não tinha entrado no palco para dirigir a sua gigantesca Orquestra Sinfónica Juvenil Simón Bolívar e já se sentia na sala uma atmosfera de efervescência, bem contrastante com a atitude mais convencional e circunspecta do público do Coliseu que costuma alimentar o coro de tosses entre andamentos...

Já se sabia que Dudamel era um fenómeno de culto e a sua actuação em Lisboa veio reforçar essa convicção. Mas não se trata apenas da poderosa carga mediática que o rodeia e do extraordinário projecto social e cultural criado na Venezuela em torno de uma rede de 250 orquestras infantis e juvenis que dão a jovens que vivem no limiar da pobreza a oportunidade de seguir uma carreira musical (ver ípsilon de 24/4).

Aos 28 anos, o maestro venezuelano é um caso raro de talento precoce numa área tão exigente como a direcção de orquestra nas mais altas esferas do circuito internacional e os jovens músicos da Símon Bolívar (com idades entre os 12 e os 26 anos) deveriam servir de exemplo a muitas orquestras profissionais, cujos instrumentistas nos dão por vezes a sensação de serem funcionários cinzentões a cumprir uma burocrática tarefa. É comovente a sua entrega sem limites, a forma como reagem às indicações do maestro em perfeita simbiose expressiva e a solidez técnica que demonstram.

Quase custa a acreditar na coesão que Dudamel conseguiu na primeira parte do concerto (com obras de compositores sul-americanos como Silvestre Revueltas, Antonio Estévez e Evencio Castellanos), tendo em conta que se trata de uma formação com mais de 150 músicos. Há uma vertente de impacto imediato pelo volume sonoro, mas a própria qualidade do som, que é muito denso e caloroso nas cordas e de grande colorido nos sopros e na percussão, causa espanto.

Em disco ainda podíamos duvidar (pois a tecnologia hoje tudo consegue), mas a audição ao vivo fez certamente render os mais cépticos. A Símon Bolívar tem uma identidade sonora própria que não se confunde com a de outro agrupamento.

Ver Dudamel dirigir é um espectáculo dentro do espectáculo. A géstica é ampla, generosa e dançante, mas nunca é gratuita ou exibicionista, pois cada indicação tem um resultado musical imediato quase "palpável". A sua concepção das obras não é a de um arquitecto, mas o maestro venezuelano é um escultor do som e também uma espécie de dramaturgo. Viaja ao sabor do seu instinto, conduzindo-nos numa sucessão de acontecimentos que mantêm o ouvinte sempre atento, e sabe moldar tensões e clímaxes de forma empolgante.

Obras como Sensemayá, de Revueltas, que tal como a Sagração da Primavera relata um ritual primitivo e propõe uma estética modernista, ou a festiva Santa Cruz de Pacairigua, de Castellanos, pedem o lado exuberante que se tornou a imagem de marca de Dudamel e da sua orquestra, mas é pena que a formação não desenvolva um trabalho mais aprofundado em torno de repertório que exige outro refinamento e subtileza.

Estamos até certos de que os resultados seriam igualmente bons, pois os belíssimos pianíssimos e as atmosferas criadas em Mediodia en el Lllano, de Antonio Estévez, fazem adivinhar que sim. Não se trata apenas de evitar a limitação de ficar colado a um determinado perfil (o da energia electrizante, da propulsão rítmica e da força dinâmica) e a um certo repertório. Precisamente porque estes jovens têm tanto talento e uma preparação técnica invejável, o seu potencial deve ser desenvolvido através das mais diversificadas experiências estéticas.

Muitos dos instrumentistas brilharam na primeira parte, dedicada aos compositores latino-americanos, em vários solos de óptimo nível, tanto nas cordas como nos sopros, mas na Sagração da Primavera as coisas nem sempre estiveram completamente sob controlo, a começar logo pelo emblemático solo de fagote inicial, mais à frente repetido correctamente. A revolucionária obra de Stravinsky é dificílima, mesmo para orquestras profissionais com muitos anos de experiência, e houve algumas descoordenações. O equilíbrio entre os naipes (sobretudo nos sopros) também foi menos apurado e uma obra desta complexidade requeria uma concepção da arquitectura do conjunto mais vincada.

Todavia, os desajustes não põem em causa a qualidade global deste projecto e foram compensados pela energia visceral da interpretação, que atingiu o rubro em pontos como a Dança da Terra ou a Dança Sacrificial. O entusiasmo juvenil, os ataques incisivos, os bárbaros fortíssimos e a força telúrica de algumas passagens estiveram em conformidade com o espírito da obra.

Depois veio a festa total. As luzes apagaram-se e quando se voltaram a acender o palco foi invadido pelas cores da bandeira da Venezuela, dos blusões e bonés que todos os instrumentistas tinham entretanto vestido. Ao longo dos contagiantes ritmos sul-americanos do encores os músicos levantaram-se, fizeram dançar (literalmente) os seus instrumentos e começaram a atirar os bonés e blusões para o público, que ficou ainda mais eufórico.

O episódio é recorrente e pode ver-se no YouTube em diferentes concertos da Simon Bolívar pelo mundo fora, mas a sensação foi de surpresa total. O milagre maior não foi porém esta delirante dança de cores final, mas sim o notável trabalho desta orquestra de jovens cheios de vida e a forma como conseguiram transmitir aos presentes a sua incandescente paixão pela música.

Ana Cláudia disse...

A Cristina tb foi minha colega de ano na FCSH... juntamente com...

Miguel Ângelo disse...

... com RCL