sexta-feira, outubro 09, 2009

Entrevista a Joana Carneiro


"Estamos cá para emocionar toda a gente”
É um caso invulgar de sucesso. Após o recente êxito de Veneza, assume a californiana Orquestra de Berkeley. Sydney e Paris já estão na rota. Mas é em casa com a família que quer passar muito do seu tempo.

Convites não lhe faltam. Aceita e recusa ao ritmo de dois tempos: o tempo para conseguir um bom projecto e o tempo para ter uma certa sensação de rotina. Joana Carneiro quer “dedicar a vida a uma arte tão extraordinária” que é “capaz de alterar a vida das pessoas” – a música.

Neste momento, está na Califórnia para abraçar um novo projecto: dirigir a Orquestra Sinfónica de Berkeley. O que a entusiasmou nesta proposta?
É uma orquestra que tem uma tradição muito profunda no sentido da inovação musical. O maestro que foi titular desta orquestra, ao longo de 30 anos, estabeleceu esta tradição de trabalhar com compositores vivos, de associar a composição de hoje à composição de ontem, de manter relações significativas com artistas dos nossos tempos. Isso foi um dos factos mais importantes para ver nesta orquestra a possibilidade de inovação, criatividade, num meio intelectualmente muito aberto a este pensamento e relações artísticas.

É complicado estar agora no lugar onde esteve o maestro Kent Nagano tantos anos?
É evidente que estou ciente da tradição que esta orquestra tem. É evidente que me sinto inspirada, que tenho o maior respeito pelo trabalho que este maestro fez ao longo destas décadas todas. Mas é sobretudo uma fonte de inspiração para continuar o trabalho que foi feito agora através da minha estética e sensibilidade, tentar encontrar uma continuação para essa tradição. É uma grande responsabilidade seguir os passos de uma pessoa tão importante não só na história da cidade, como na história da música em geral. Mas é uma responsabilidade ligada a uma inspiração muito grande.

Ainda recentemente esteve em Veneza a dirigir a Orquestra Sinfónica do Teatro La Fenice. Mais um concerto de êxito. Esta é a vida com que sempre sonhou?
Penso que sim... O meu sonho sempre foi continuar a dirigir, um dia ter a minha orquestra, poder dirigir por todo o Mundo, interagir com artistas que tocam profundamente a alma humana através da sua expressão musical. Nesse sentido, não só é o que sonhei, como é muito mais do que alguma vez pensei conseguir.

O resto da entrevista, concedida ao Jornal de Notícias, aqui.

Para qualquer maestro, ser-se convidado para dirigir uma orquestra com o prestígio da Orquestra de Berkeley é motivo de grande orgulho; o facto de suceder a Kent Nagano aumenta a responsabilidade mas também o prestígio.
O facto de esse maestro vir de um país com pouca tradição musical como o nosso e, ainda, por ser uma mulher, num meio tradicionalmente masculino, só pode ser sinal de competência.

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