quinta-feira, abril 02, 2009

Castratis castrandis



A propósito do Favorito de ontem e dos comentários da Sílvia e do mi_:

Castrato (plural castrati) é um cantor masculino cuja extensão vocal corresponde, grosso modo, à das vozes femininas de soprano, mezzo-soprano, ou contralto. Na realidade, uma das características dos castrati era utrapassar a tessitura dos sopranos no grave e dos contraltos nos agudos.
A castração antes da puberdade impede a libertação para a corrente sanguínea das hormonas sexuais produzidas pelos testículos, as quais provocariam o crescimento normal da laringe masculina (para o dobro do comprimento) entre outras características sexuais secundárias, como o crescimento da barba.Basicamente, os castrati podiam fazer tudo... menos ter filhos.
Quando o jovem castrato chega à idade adulta, o seu corpo desenvolve-se, nomeadamente em termos de capacidade pulmonar e força muscular, mas a sua laringe não. A prática de castração de jovens cantores teve início no século XVI, tendo surgido devido à necessidade de vozes agudas nos coros das igrejas da Europa Ocidental, já que a Igreja Católica Romana não aceitava mulheres no coro das igrejas. Na ópera, esta prática atingiu o seu auge nos séculos XVII e XVIII. O papel do herói era muitas vezes escrito para castrati, como por exemplo nas óperas de Handel. Nos dias de hoje, esses papéis são frequentemente desempenhados por cantoras ou por contratenores. Todavia, a parte composta para castrati de algumas óperas barrocas é de execução tão complexa e difícil que é quase impossível cantá-la.
Muitos rapazes que eram alvo da castração eram crianças órfãs ou abandonadas. Algumas famílias pobres, incapazes de criar a sua prole numerosa, entregavam um filho para ser castrado. Em Nápoles, recebiam a sua instrução em conservatórios pertencentes à Igreja, onde leccionavam músicos de renome. Algumas fontes referem que muitas barbearias napolitanas tinham à entrada um dístico com a indicação "Qui si castrano ragazzi" (Aqui castram-se rapazes).
Em 1870, a prática de castração destinada a este fim foi proibida em Itália, o último país onde ainda era efectuada. Em 1902, o papa Leão XIII proibiu definitivamente a utilização de castrati nos coros das igrejas. O último castrato a abandonar o coro da Capela Sistina foi Alessandro Moreschi, em 1913.

2 comentários:

Ana Cláudia disse...

Não cesso de me maravilhar com o poder da www... sabia da existência destas gravações, mas nunca tinha ouvido!

Silvia disse...

Parece mesmo a Natália de Andrade!